Subprocurador-geral vê indícios de que batalhão da PM não tem condições para caucionar disciplina mínima. Sete militares foram presos durante operação neste mês. Cúpula da PM do DF é alvo de operação
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu, na última sexta-feira (25), que os policiais militares investigados em uma operação da Polícia Federal e da própria PGR cumpram a prisão preventiva em diferentes unidades militares de Brasília.
Para o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, há indícios de que o 19ª Batalhão da PM não tenha “condições para caucionar a disciplina mínima, imprescindível à regularidade da custódia dos denunciados, o que pode ocasionar intercorrências de subversão da ordem e disciplina”.
Sete militares — ex-integrantes da cúpula da Polícia Militar do DF — foram presos, no último dia 18, por suspeita de deixar de agir para impedir o vandalismo contra as sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro. Segundo a PGR, os militares seguiam o mesmo alinhamento ideológico dos manifestantes golpistas (veja detalhes abaixo).
A PGR pediu ainda que os cinco coronéis, atualmente presos no 19º Batalhão de Polícia Militar do DF, fiquem sob supervisão de um coronel com patente de antiguidade superior aos investigados.
O pedido foi feito após a Secretaria de Segurança Pública do DF informar que três dos coronéis denunciados estão sendo supervisionados por um major, que, na hierarquia militar, ocupa uma posição inferior aos presos.
Ainda de acordo com a PGR, a Corregedoria-Geral da PMDF instaurou uma investigação para apurar supostas irregularidades cometidas pelo coronel Jorge Eduardo Naime. Há registros de irregularidades, como uma visita da esposa do coronel, sem autorização do comando da unidade militar.
Operação Incúria
Policiais federais em frente ao apartamento do comandante-geral da PMDF
TV Globo/Reprodução
A Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal cumpriram, no último dia 18, sete mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão contra integrantes e ex-integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal.
Os alvos são os oficiais:
Coronel Klepter Rosa Gonçalves, atual comandante-geral da PM do DF);
Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional da PM;
Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, ex-chefe interino do Departamento de Operações (DOP) da PM;
Coronel Jorge Eduardo Naime; ex-chefe do Departamento de Operações (DOP) da PM, que estava de folga no dia dos ataques;
Major Flávio Silvestre de Alencar, comandava o 6º Batalhão da PMDF, responsável pela Praça dos Três Poderes e Esplanada dos Ministérios;
Tenente Rafael Pereira Martins, atuou no dia dos atos antidemocráticos;
Coronel Fábio Augusto Vieira, ex-comandante-geral da PM do DF, de folga no dia dos ataques.
Todos são acusados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e por infringir a Lei Orgânica e o Regimento Interno da PM.
Investigação
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Ao longo de sete meses de investigação, a PGR descobriu que os PMs começaram a trocar mensagens com teor golpista e a difundir informações falsas antes do segundo turno das eleições presidenciais do ano passado.
A PGR verificou ainda que a PM do DF acompanhava as movimentações no acampamento golpista montado nos arredores do Quartel General do Exército, em Brasília.
Os procuradores têm indícios de que a cúpula da PM infiltrou agentes de inteligência entre esses manifestantes para obter informações. E que tinha plena consciência da magnitude e da gravidade dos atos que estavam sendo planejado para 8 de janeiro.
Os documentos e as trocas de mensagens obtidas pela PGR contrariam a versão apresentada pelos integrantes da cúpula da PM do DF, de que o sistema de inteligência do DF falhou ao não avisar a corporação sobre o risco de invasão dos prédios dos Três Poderes.
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