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Audiência pública discute instalação de indústria de celulose de US$ 3 bilhões da Arauco em MS

G1 - com informações do G1

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Com informações do G1

17/08/2023 por Redação

A audiência, no formado presencial e virtual, será realizada a partir das 19h, no ginásio municipal de esportes Otávio Pimenta de Freitas, em Inocência, no leste de MS.
Fazenda Lobo, em Inocência, onde Arauco deve construir sua fábrica de celulose
Arauco Divulgação/Zig Koch
Audiência pública nesta quinta-feira (17) discute a instalação de uma indústria de celulose da multinacional chilena Arauco, em Inocência, no leste de Mato Grosso do Sul.
A audiência, no formado presencial e virtual, será realizada a partir das 19h, no ginásio municipal de esportes Otávio Pimenta de Freitas. A iniciativa é do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul).
Durante o evento, a Arauco vai apresentar a população o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do projeto de construção da fábrica de celulose no município. Além de detalhes do empreendimento, serão indicados os impactos positivos e negativos, as medidas mitigatórias, compensatórias e os programas ambientais propostos.
A audiência pública é uma das condicionantes do processo de licenciamento ambiental do projeto, denominado Sucuriú.
O diretor de Desenvolvimento e Novos Negócios da empresa, Mário José de Souza Neto, disse ao g1 em 2022, que desde 2009 a empresa estudava investir em celulose no país, mas somente no ano passado houve a tomada de decisão sobre o projeto. A unidade será a primeira de produção de celulose da companhia no Brasil.
Diretor de Desenvolvimento e Novos Negócios da empresa, Mário José de Souza Neto
Arauco/Divulgação
Mário Neto explicou que vários aspectos foram considerados na tomada de decisão do investimento em Mato Grosso do Sul. Entre os quais: já contar com uma área cultivada no estado e o próprio clima local, sendo muito favorável ao cultivo de eucalipto, resultado em um índice de produtividade que é um dos maiores do país.
“Outro ponto que nos chamou a atenção foi que vimos que o Mato Grosso do Sul tem uma política de incentivo muito clara ao desenvolvimento florestal e da celulose. Ela fomenta o setor, tanto que o estado é hoje o principal exportador de celulose do Brasil”.
Outro quesito importante, conforme Mário Neto, foi a logística para o escoamento da produção. “Temos várias opções para chegar ao porto de Santos e tem ainda o porto de Paranaguá como opção. Estamos ainda na fase de estudo, de planejamento da logística. Isso vai nos permitir definir qual a melhor rota. Uma das fortes candidatas é a Ferronorte, mas existem outras rotas. Por exemplo, o escoamento por hidrovia até Pederneiras (SP). Existe ainda a Malha Sul, que podemos usar para escoar por Paranaguá”, revela.
O diretor diz que a cultura da empresa é de executar seus projetos a partir de um planejamento detalhado. “O time de projetos nos possibilita que invistamos muito tempo no planejamento, no fazer as coisas de forma muito bem pensada e, obviamente, com toda a integração com a comunidade, que é algo que nos preocupa, justamente pelo impacto de um empreendimento desse porte”.
A Arauco prevê investir US$ 3 bilhões (R$ 14,4 bilhões na cotação desta quinta-feira, 17 de agosto) na construção da fábrica. A planta terá capacidade para produzir 2,5 milhões de toneladas de celulose e cogerar 400 MW de energia a partir de subprodutos, com o licor negro. Metade dessa energia, 200 MW, será consumida pela indústria e o restante, 200 MW serão disponibilizadas no grid.
Na audiência desta quinta a empresa já apresenta a perspectiva de uma segunda linha de produção, duplicando investimento e capacidade de produção.
A estimativa é que no pico da obra, o empreendimento empregue até 12 mil trabalhadores. Quando a planta começar a operar deverão ser 2.350 empregos, sendo 500 na indústria e 1.850 na área florestal.
Mário Neto revela que seguindo uma das principais diretrizes da empresa, a sustentabilidade, a nova planta terá um balanço positivo de carbono, ou seja, considerando toda a operação das áreas florestal e industrial, a captura de CO2 será maior que as emissões.
“Vai capturar mais carbono na florestal, vai gerar energia limpa e vai ter um balanço positivo. A Arauco preza por deixar um legado positivo para as futuras gerações. Nós somos a primeira companhia a ter o certificado de Carbono Neutro no setor florestal”, ressaltou.
A previsão da empresa é iniciar a construção em janeiro de 2025 e inaugurar a planta em março de 2028.
Ao mesmo tempo, em que trata do planejamento e da viabilização do empreendimento, a empresa trabalha com o estado e o município para preparar a cidade para receber uma indústria deste porte.
“Estamos fazendo um trabalho forte com o prefeito justamente para apoiar o município a elaborar seu plano diretor. Esse documento define as regras de uso do solo, dos terrenos e projeta para onde o município deve crescer, considerando a localização do site do empreendimento”, explica.
Em outra frente, o diretor da Arauco, diz que serão capacitados os empreendedores e a população da cidade, de modo que eles participem e se beneficiem da grande demanda por produtos e serviços que vai ser gerada.
Da produção da futura planta, o diretor estima que 5% deve ser destinado para abastecer o mercado interno e 95% a exportação, seguindo estratégia semelhante das outras indústrias do estado.
Inocência tem 8,4 mil habitantes, segundo o Censo 2022, é o 58º município em população do estado, de acordo com o IBGE, mas o prefeito da cidade, Antonio Ângelo Garcia dos Santos, o Toninho da Cofapi, projeta que quando a fábrica estiver em operação esse número vai mais que dobrar, chegando a 18 mil ou 20 mil pessoas.
Para receber a planta, o prefeito diz que vai elaborar um projeto de desenvolvimento sustentável. O objetivo é evitar problemas que cidades que estão vivenciando processos semelhantes estão enfrentando.
Vale da Celulose
A Arauco é a segunda maior produtora mundial de celulose e será o terceiro grupo empresarial do setor a se instalar em Mato Grosso do Sul. O estado também já conta com plantas da Suzano e da Eldorado, em Três Lagoas. A Suzano também está construído uma nova unidade em Ribas do Rio Pardo.
A formação desse cluster, que reúne algumas das maiores e mais eficientes empresas de celulose do mundo, está mudando a base econômica de Mato Grosso do Sul.
Com essa expansão, o estado mantém sua vocação para o agro, explorando a silvicultura (plantio de florestas para abastecer essas indústrias), mas agrega valor. As fábricas transformam a matéria-prima em um dos mais importantes insumos para a fabricação de diversos produtos.
O processo que já batiza extraoficialmente Mato Grosso do Sul como “estado da celulose” e a região leste do estado, onde estão localizadas as indústrias já em operação e os projetos em execução, de “Vale da Celulose”, em referência do polo de tecnologia “Vale do Silício”, na Califórnia, Estados Unidos, vem ocorrendo de maneira sustentável.
Com esse cluster, o estado atualmente é o segundo maior produtor brasileiro, fica atrás somente da Bahia, mas lidera as exportações nacionais. Nos próximos seis anos o cenário vai mudar e Mato Grosso do Sul, com a entrada em operação dos novos projetos, será catapultado a liderança isolada na produção de celulose no Brasil e consolidado como um dos maiores fabricantes mundiais.
Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:

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