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Paciente que perdeu parte do rosto por causa de câncer ganha prótese 3D para reconstrução facial em Barretos, SP

G1 - com informações do G1

Rastro101
Com informações do G1

06/08/2023 por Redação

Nova tecnologia foi desenvolvida pelo Instituto Mais Identidade. Segundo instituição, cerca de 30 pessoas atendidas no hospital precisam de algum tipo de prótese no rosto por conta de sequelas da doença. Após perder parte do rosto em cirurgia para retirada de tumor na cabeça, José Simão ganhou uma prótese facial no Hospital de Amor, em Barretos, SP
José Augusto Junior/EPTV
Por ano, cerca de 30 pacientes com câncer no pescoço ou na cabeça atendidos no Hospital de Amor de Barretos (SP) recebem próteses faciais. São pessoas que tiveram parte da face ou da cabeça desfiguradas por conta da doença.
Em alguns casos, as sequelas das cirurgias para retirada do tumor são tão grandes, que o paciente evita contato e se isola não apenas da sociedade, mas de amigos e da família também.
Uma parceria entre o Hospital de Amor e o Instituto Mais Identidade (IMI), no entanto, promete dar a essas pessoas a chance de se reconhecerem. Isso porque uma tecnologia desenvolvida pelo instituto reconstrói partes perdidas no processo de tratamento do câncer.
As próteses 3D buscam se assemelhar ao máximo com aquela parte específica do corpo que ficou deformada por conta da doença.
Um dos primeiros pacientes a receber a prótese, José Simão se emocionou ao se permitir, finalmente, olhar no espelho novamente.
Há 12 anos, ele faz tratamento de um câncer de cabeça em Barretos e, como sequela da cirurgia de retirada do tumor, perdeu parte do rosto. Hoje, Simão está bem e sem evidência de doença.
Médico cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital de Amor de Barretos, Renato Capuzzo vê a nova tecnologia como uma forma de devolver ao paciente um pouco da identidade perdida.
Os pacientes que apresentam alguma sequela de tratamento dos tumores da face, como a retirada de um olho, parte ou totalidade do nariz e orelha, evitam o convívio social ou as atividades laborais enquanto não estão reabilitados. Estes defeitos, diferentemente de outras partes do corpo, são difíceis de disfarçar, pois estão sempre à mostra. Isto leva a uma retração social e psicológica que, quando reabilitada, de fato, devolve a identidade do paciente.
Capuzzo explica que, em muitos casos, a prótese é uma boa alternativa para pacientes que já foram tratados e não apresentam evidência de tumor em atividade.
É oferecida aos pacientes que sofreram a retirada de uma parte do rosto que dificilmente consegue ser reconstruída pela cirurgia plástica, como por exemplo, tumores que levam a ressecção de toda a orelha, todo o nariz, a região da órbita [local onde fica o olho] ou a retirada de ossos da face e do crânio. Levam a deformidades que a cirurgia plástica não consegue proporcionar um resultado estético tão eficiente.
No entanto, ele destaca que não significa que estes pacientes não necessitaram de cirurgia plástica anteriormente.
Em algumas situações, precisamos realizar a cobertura de estruturas nobres da face e do crânio através de retalhos, para que, posteriormente, possam ser reabilitados por próteses faciais.
Equipe de médicos apresenta a prótese facial ao paciente José Simão, em Barretos, SP
José Augusto Junior/EPTV
O tratamento é gratuito, feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) durante a reabilitação do paciente.
Nem todos vão precisar de prótese. Defeitos maiores, a gente acaba lançando mão de prótese, mas a demanda é grande e a gente tem vários pacientes que podem ser beneficiados com essa tecnologia, diz Capuzzo.
Escaneamento facial e base de silicone
A tecnologia 3D foi desenvolvida pelo IMI. Por meio de um escaneamento facial feito pelo celular, o computador esculpe parte do rosto do paciente e imprime protótipos.
Esses protótipos se transformam na prótese de silicone que é o que, de fato, o paciente vai utilizar, como explica o presidente do instituto, Luciano Dib, especialista em cirurgia bucomaxilo-facial.
Por meio dessas fotos faciais, do escaneamento facial e do modelo digital feito no computador, a gente tem um designer digital, que não é nem médico, nem dentista, é designer mesmo, que trabalha junto com os especialistas para dizer eu quero o olho mais profundo, menos profundo, quero um sulco, uma ruga. Ele vai esculpindo no computador e, depois que está definido, faz-se uma impressão 3D de um protótipo. Esse protótipo é experimentado no paciente para ver se está ok. Aí, finalmente, é transformado em silicone com a cor e os detalhes finais estéticos para o paciente.
Outra etapa importante é que durante o processo de reabilitação, são implantados pequenos imãs na face do paciente, que vão fixar a máscara no rosto. A ideia é que a prótese seja o mais natural possível.
Essa prótese tem que ficar presa no rosto da pessoa e existem diversas formas de prender. Uma é usar cola, outra é usar alguns elementos adicionais, como óculos, tiara, alguma coisa que prenda. Mas a forma que, realmente, revoluciona todo esse processo são os implantes. Se faz implantes de parafusos de titânio, que são colocados no osso e, nesses parafusos, se colocam imãs. A prótese vai ser plugada nesses implantes pela força dos magnetos.
Com a nova tecnologia, o paciente recupera a autoestima, muitas vezes, afetada pela doença.
Essas pessoas vivem à margem da sociedade, foram tratadas do câncer, tiraram o tumor, mas com defeitos como esse, não conseguem ter uma vida normal. Está vivo, o coração batendo, com saúde, com tudo, mas não consegue viver porque se sente uma mutilação que o estigmatiza, que o tira completamente do convívio social, conta Dib.
Próteses com olhos, por exemplo, como é o caso de Barretos, são ainda mais especiais, segundo o especialista.
Ele [o paciente] não enxerga com este olho, mas a sociedade, com certeza, o enxerga de uma forma diferente quando ele tá com o olho.
Próteses de silicone resgatam identidade de pacientes que tiveram sequelas graves por conta de tumores no Hospital de Amor, em Barretos, SP
José Augusto Junior/EPTV
Prótese precisa de manutenção periódica
Capuzzo explica que a prótese precisa ser trocada e necessita de manutenção periódica, pois os materiais que a confeccionam acabam por se degradar com o tempo.
O silicone, que é como uma borracha mais macia, com o tempo pode se fragmentar ou alterar a coloração. Partes da prótese podem necessitar ser refeitas e a vantagem do modelo digital é que a confecção de uma nova prótese pode ser mais ágil.
Dib revela que, em média, uma prótese dura dois anos e meio e precisa ser trocada não só por conta de fatores externos, como o sol, mas também porque o paciente envelhece.
A prótese estraga, é um material delicado, tem uma flexibilidade, mas vai se ressecar. Pode ser retocada, mas, às vezes, vai ter que fazer uma nova por conta do próprio envelhecimento do paciente e as mudanças que acontecem. Ele estava de um jeito, agora não está mais, tem que renovar a prótese.
Além da parceria com o Hospital de Amor, o IMI faz próteses também para casos de ferimentos por armas, acidentes automobilísticos e até deformidades congênitas.
A instituição não tem fins lucrativos e existe há sete anos. Para Dib, a importância do trabalho vai além da técnica.
É uma forma importante de atendimento a esses pacientes, que só vão se considerar curados de verdade quando têm a prótese. Muitos deles repetem hoje, me considero curado. O doutor já tinha dito que eu estava curado ano passado, há dois anos, há cinco anos, mas é hoje [quando ganham a prótese] que eu estou curado, porque hoje tenho a minha face de volta.
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