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Número de tentativas de homicídio no campo em 2022 foi recorde no Brasil

G1 - com informações do G1

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Com informações do G1

17/04/2023 por Redação

Foram 123 crimes. Outras 47 pessoas acabaram assassinadas; aumento de 30% em relação a 2021 e 123% em relação a 2020. Indígenas são alvos mais frequentes e representam 38% das mortes. Terra Indígena Kayapó, no estado do Pará, em 21 de outubro de 2017.
Felipe Werneck/Ibama
Em 2022, foram registradas 123 tentativas de homicídio no campo. O número é o maior já registrado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) nos últimos 23 anos.
Além das tentativas de morte, outras 47 pessoas foram assassinadas. Um aumento de 30% em relação a 2021 (36) e de 123% em relação a 2020 (21).
Os indígenas são os alvos mais frequentes. Veja abaixo quem foram as vítimas no campo, em 2022:
Indígenas (18 pessoas): 38% das mortes no campo
Sem terra (9 pessoas): 19% das mortes no campo
Ambientalistas (3 pessoas): 7% das mortes no campo
Trabalhadores assalariados (3 pessoas):7% das mortes no campo
Os números são da pesquisa Conflitos no Campo Brasil 2022, da CPT, divulgados nesta segunda-feira (17). Segundo o levantamento, a média no ano passado foi de um conflito a cada quatro horas em todo o território nacional.
Foram mais de 2 mil conflitos, envolvendo quase 1 milhão de pessoas e mais de 80 milhões de hectares de terra em disputa. O assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari, no Amazonas, somam-se às vítimas.
Os dados indicam aumento de 10,39% em relação ao ano anterior, quando houve registro de 1.828 ocorrências. Ao se analisar os números dos últimos dez anos, apenas em 2020, ano de início da pandemia, houve um número de conflitos maior do que em 2022 (veja gráfico acima).
Em 2022, o tipo de violência mais grave levantado pela CPT foi a invasão de territórios, que afetou 95.578 famílias em todo o país. Segundo a Comissão Pastoral da Terra, que é ligada a igreja Católica, as invasões vêm crescendo no Brasil, sobretudo a partir de 2019, com o início do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Além disso, a Amazônia Legal concentrou mais da metade de todos os conflitos registrados no país (54,86%). No ano passado, foram 1.107 ocorrências e, dos 47 assassinatos no campo, 34 ocorreram nessa região (72,35% do total).
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Conflitos por terra e atuação do governo
Ainda segundo a pesquisa, do total de conflitos no campo no ano passado, 1.572 foram por causa de brigas por terras, número 16,70% maior do que o registrado em 2021. Os mais atingidos continuam sendo os indígenas (28%), seguidos de famílias posseiras (19%), comunidades quilombolas (16%), sem terras (11%) e famílias assentadas de reforma agrária (9%).
Ao todo, 181.304 famílias viveram na mira desse tipo de conflito no Brasil, conforme a Pastoral da Terra. Os dados apontam que, em 2022, o aumento dos casos de violência por terra contribuíram proporcionalmente para a diminuição do número de ocupações e acampamentos.
O que demonstra o cenário de martírio no qual se encontram os povos do campo, das águas e das florestas no Brasil. Essa dura realidade associa-se diretamente à política do ódio contra os injustiçados e injustiçadas da terra e à ausência de políticas estruturantes para o campo, diz a Comissão Pastoral da Terra.
Em 2022, os fazendeiros foram responsáveis por 23% das ocorrências de conflito por terra, seguidos do governo federal, com 16%, empresários, com 13% e grileiros, com 11%.
“A principal mudança em relação ao ano de 2021 foi o crescimento da participação do governo federal nos conflitos por terra, que saltou de 10% para 16%”, pontua a CPT.
Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.

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