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Governo do Equador suspende negociações com líder dos protestos indígenas

Durante a madrugada, um grupo de militares e policiais que protegiam um comboio com combustíveis foi atacado por manifestantes com “lanças e armas de fogo” na Amazônia, segundo autoridades

Rastro101
Com informações do site O Tempo

28/06/2022 por Redação

Divulgação/O TempoDivulgação/O TempoO presidente do Equador, Guillermo Lasso, suspendeu nesta terça-feira (28) as negociações com o principal líder indígena para pôr fim a duas semanas de protestos contra o alto custo de vida, após um ataque contra militares que matou um soldado.

Não vamos nos sentar para conversar com Leonidas Iza novamente, que só defende seus interesses políticos e não os de suas bases (...) Não vamos negociar com quem mantém o Equador refém, declarou o presidente de direita.

A poderosa Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), chefiada por Iza, respondeu acusando Lasso de autoritarismo, falta de vontade e incapacidade e disse que ele terá que responder pelas consequências de sua política belicista.

Durante a madrugada, um grupo de militares e policiais que protegiam um comboio com combustíveis foi atacado por manifestantes com “lanças e armas de fogo” na Amazônia, segundo autoridades.

O ataque deixou um militar morto e doze feridos, incluindo cinco policiais.

Um segundo dia de diálogos entre a Conaie e uma delegação do Executivo liderada pelo ministro de Governo (Casa Civil), Francisco Jiménez, fracassou quando a representação oficial não se apresentou.

Vocês merecem mais que um oportunista como líder (...) É um ato criminoso brincar com a vida de inocentes. O país é testemunha de todos os esforços que fizemos para estabelecer um diálogo frutífero e sincero, acrescentou Lasso, um ex-banqueiro que assumiu o poder há um ano.

Foi um ataque brutal (...) Mas como podemos saber se realmente saiu ou não saiu dos manifestantes, questionou-se Iza.

Concessões insuficientes

Após o anúncio de Lasso, centenas de indígenas voltaram à carga em Quito. O comércio fechava as portas enquanto passavam.

Lasso não rompe com Leonidas, rompe com o povo, escreveu a Conaie no Twitter.

Os indígenas e o governo mantêm uma queda de braço há mais de duas semanas, sem chegar a acordos para desmontar a crise.

O elevado custo de vida alimentado pelo aumento dos preços dos combustíveis levou às ruas desde 13 de junho cerca de 14 mil manifestantes às ruas, a maioria em Quito. Eles exigem medidas que aliviem o golpe econômico na produção agrícola e na cesta básica.

Marchas festivas, bloqueios de estradas, e confrontos violentos entre a força pública e os indígenas pressionam o impopular presidente Lasso, que tem apenas 17% de aprovação.

Encurralado também por um debate sobre seu impeachment que está em andamento no Congresso, o conservador cede aos poucos às reivindicações dos manifestantes, que consideram insuficientes.

Ele reduziu os preços dos combustíveis, embora não na proporção pedida pelos manifestantes concedeu uma moratória para dívidas de até US$ 3.000 para os camponeses e levantou o estado de exceção, sob o qual os militares deixaram os quartéis em seis das 24 províncias do país e foi imposto um toque de recolher em Quito. 

Tentativa de golpe

Em meio à convulsão social, o Parlamento discute desde sábado a possibilidade de destituir o presidente, a quem um setor da oposição considera responsável da grave crise política e comoção interna que o Equador vive.

Mais de 80 deputados participavam nesta terça-feira no terceiro dia de deliberação, que poderia se estender. Após o debate, têm até 72 horas para votar.

Para se destituir o presidente, precisa-se de 92 dos 137 apoios possíveis no Congresso.

A oposição quer atacar a democracia (...) Faço um apelo a defender o país desta tentativa de golpe, declarou Lasso em um vídeo publicado na terça-feira no Twitter. 

O Equador ganhou fama de ingovernável após a saída abrupta de três presidentes entre 1997 e 2005 ante a pressão social.

O país, cuja economia dolarizada começava a se recuperar dos efeitos da pandemia, perde cerca de US$ 50 milhões diários com as crises, segundo números oficiais.

À margem do ataque de terça-feira, cinco manifestantes morreram nos protestos e mais de 500 pessoas, entre membros das forças de ordem e civis, ficaram feridos, segundo diversas fontes. A Conaie denuncia a repressão policial.

Desgastada pela crise, com comércios fechados e desabastecimento de alguns produtos, Quito também é palco de contraprotestos.

Centenas de equatorianos e carreatas percorrem diariamente áreas abastadas, com buzinaços e acenando bandeiras brancas.

Sem maior apoio político, Lasso conta agora com o do militares, que cerraram fileiras em torno de seu governo. (AFP)
 

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