Divulgação/O TempoA noite desta quinta-feira (12) é emblemática - e também a celebração de um passado ainda presente - para Luiza Brina. Pela primeira vez desde o início da pandemia, que ela alerta ainda não ter chegado ao fim, embora esteja em uma fase de progressivas flexibilizações, a cantora e compositora sobe ao palco como artista solo, já que com o Graveola a mineira de BH fez um show no início de abril. Mas a noite de hoje, vale repetir, é de celebração.
No palco do Teatro Raul Belém Machado (detalhes no fim da matéria), Luiza, com seu violão, companheiro de tantas histórias e estradas, comemora os 10 anos de carreira solo e de lançamento de “A Toada Vem É Pelo Vento”. Gratuita, a apresentação faz parte da programação do Circuito Municipal de Cultura.
Em meados de março, chegou às plataformas digitais uma edição de luxo do álbum, com as faixas originais remasterizadas, oito gravações acústicas e inéditas em voz e violão e voz e piano, além de três canções com novas abordagens e participações de Castello Branco (“Back In Bahia”), Ana Frango Elétrico (“Somos Só”) e Zé Manoel (“A Toada Vem É Pelo Vento”). O disco, o primeiro a ser lançado pelo selo dobra discos, traz, ao todo, 19 faixas, 11 delas inéditas.
“Estou feliz de poder começar a voltar a fazer shows presencialmente, e também muito feliz de voltar a BH, minha cidade querida”, diz a cantora no início da entrevista, enquanto ajeitava o vídeo do celular no jardim de uma lanchonete às margens da estrada.
O formato acústico voz e violão, escolhido para dar o clima e o tom da apresentação desta noite, agrada a compositora: “Vou apresentar as canções como elas nasceram antes dos arranjos, e também vou fazer algumas canções dos meus outros discos. Esse formato tem uma beleza, um lugar onde a canção aparece mais desnudada”.
10 anos depois…
“A Toada Vem É Pelo Vento” foi lançado em 2011. Gravado na Casa Azul, em Belo Horizonte, pela banda que Luiza batizou de Liquidificador, que tinha na formação Ana Estrela (saxofone tenor), João Paulo Prazeres (saxofone soprano e flauta), Thais Montanari (flauta), Ariane Rovesse (clarineta), Larissa Matos (violoncelo), Di Souza (percussão), Analu Braga (percussão) e Flora Lopes (percussão), o álbum é representativo do ponto de vista artístico e estético na carreira de Luiza, pois inaugura várias vertentes no trabalho da compositora, que acabaram sendo desenvolvidos ao longo dessa década.
“No disco eu me apresento como arranjadora pela primeira vez, foi a minha estreia como compositora e como instrumentista eu toco todos os violões do disco e algumas percussões. ‘A Toada…’ é mesmo uma fundação disso tudo”, ela comenta.
Ao olhar para o álbum e o que ele carrega consigo ao longo desses 10 anos, Luiza Brina se alegra ao constatar que algumas daquelas canções a acompanham até hoje. “A Toada Vem É Pelo Vento” foi o segundo disco gravado na Casa Azul, residência artístico-cultural localizada no bairro Carlos Prates. Ocupado por músicos e produtores culturais, o espaço ganhou um estúdio viabilizado com recursos dos próprios moradores, mas o disco nasceu antes disso, “na raça”, como lembra a cantora.
“Eu já tinha as canções, os arranjos prontos e conversei com o Luiz Gabriel Lopes, que topou produzir. Fizemos um junta de equipamentos e foi do jeito que a gente deu conta de fazer. Hoje, eu gravaria diferente, com outros equipamentos, mas o disco registra muito aquela época, o que eu estava vivendo. Tenho muito carinho por ele”, pontua Luiza.
Celebrando o passado de olho no futuro
Ao mesmo tempo que comemora os 10 anos de lançamento do álbum, Luiza Brina prepara o lançamento de mais um disco solo de inéditas. “Prece” (Natura Musical) será dedicado às canções-orações que a cantora vem compondo desde 2010. O álbum sai em 2023, mas talvez algum single apareça por aí ainda neste ano. “A ideia é ter formações acústicas, mas também com uma produção mais eletrônica, juntando as duas coisas”, diz a artista mineira.
Por ora, Luiza se deixa emocionar pelos 10 anos de “A Toada Vem É Pelo Vento” e pela possibilidade de celebrar a efeméride em cima do palco. O disco, no fim das contas, representa a possibilidade de viver de música no Brasil - tarefa difícil, sobretudo neste Brasil atual - e uma caminhada artística feita como se fosse o trabalho de uma formiguinha, com cuidado, persistência e beleza. “Fico feliz com essa construção, com essa possibilidade de fazer o que eu gosto e o que eu quero”, afirma Luiza Brina.
Programe-se
Em versão solo e acústica, Luiza Brina celebra os 10 anos de “A Toada Vem É Pelo Vento” em show nesta quinta-feira (12), às 20h, no Espaço Cênico Yagi do Teatro Raul Belém Machado (rua Jauá, 80 - Alípio de Melo). A apresentação faz parte da programação do Circuito Municipal de Cultura, da prefeitura de Belo Horizonte, e tem entrada gratuita.