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Festa onde índio pataxó foi morto não tinha autorização da Prefeitura de Porto Seguro

Organizador do evento admite que promoveu a festa mesmo sem licença; casa onde ocorreu o crime foi construída em território indígena

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Radar64
15/03/2022 por RADAR64

Divulgação/Radar64Divulgação/Radar64

A festa onde houve uma discussão por causa do som alto, e que resultou na morte do índio pataxó Vítor Brás Souza, de 21 anos, no fim da noite de domingo (13), foi realizada sem autorização da prefeitura de Porto Seguro.


A organização do evento disse que, na segunda-feira passada (07), solicitou à Secretaria Municipal de Meio Ambiente autorização para a realização do evento em uma casa alugada às margens da BR-367, na Ponta Grande, orla Norte da cidade. O imóvel fica próximo à aldeia Novos Guerreiros, onde a vítima morava. No entanto, como a prefeitura demorou para conceder a licença, a organização decidiu fazer a festa mesmo sem o alvará necessário. A prefeitura, por sua vez, informou que não houve solicitação para liberação do evento.


A organização disse que cerca de 120 pessoas participaram da Sigilo Fest, que não era de paredão e teve a participação de três bandas. Foi o primeiro evento promovido pelo grupo.


HORÁRIO LIMITE – Segundo a organização, o dono da casa alugada não informou que se tratava de uma área indígena. Os organizadores só ficaram sabendo disso no domingo à tarde, quando várias lideranças indígenas foram até o local dizer que se tratava de território pataxó e que o som só poderia ficar ligado até as 23h.


Por volta de 23h30, segundo a organização, um cacique, acompanhado de Vítor, retornou ao local da festa pedindo para que o som fosse encerrado, pois já havia passado do horário previamente combinado. Os organizadores dissseram que, após pedir ao pessoal do som, tudo foi desligado e a festa encerrada.


Cartaz de divulgação da festa onde ocorreu homicídio

As pessoas já estavam saindo da casa quando um dos organizadores afirmou ter ouvido disparos de arma de fogo, mas que os tiros teriam ocorrido a cerca de 400 metros do local do evento. Por isso, ele alega não ter visto quando a vítima foi alvejada e que só ficou sabendo do fato quando chegou na região central de Porto Seguro.


PREFEITURA DIZ QUE NÃO FOI SOLICITADA AUTORIZAÇÃO – Em nota, a Prefeitura de Porto Seguro lamentou o ocorrido com o jovem indígena. “Nesse momento tão difícil e de dor, a Prefeitura de Porto Seguro presta sua solidariedade aos familiares, à Aldeia Indígena Pataxó e amigos, rogando a Deus para que conforte seus corações, dando força e sabedoria”, diz a nota.


Vítor Brás, que era liderança jovem estudantil, foi morto com dois tiros nas costas

SUSPEITO IDENTIFICADO – O suspeito de balear Vítor já foi identificado pela polícia, que está em diligência para tentar prendê-lo. Também já foram ouvidas algumas testemunhas. Os organizadores da Sigilo Fest disseram que ainda não foram intimados para depor, mas se colocaram à disposição da polícia para prestar todos os esclarecimentos necessários.


ASSASSINATO – Vítor Brás Souza, liderança dos jovens estudantis da aldeia Novos Guerreiros, foi morto com dois tiros nas costas. Ele chegou a ser encaminhado ao Hospital Luís Eduardo Magalhães, mas não resistiu. O jovem indígena era casado e deixa dois filhos, um de cinco anos e outro de dois meses.


Durante o protesto, índios interditaram a BR-367

De acordo com testemunhas, um dos homens que frequentava a festa ficou irritado com as reclamações de Vítor por causa do som alto e, após uma discussão, sacou uma arma e atirou no índio. “Houve uma discussão. Alguém deu um tapa no rosto do Vítor, que revidou. Ao se virar de costas, ele levou dois tiros”, disse um índio que presenciou o crime. O criminoso fugiu em seguida.


PROTESTO – Um grupo de indígenas interditou, no fim da manhã desta segunda-feira (14), um trecho da BR-367, na orla Norte, para cobrar da polícia o esclarecimento do assassinato de Vítor. Durante o protesto, que também teve a participação de não indígenas, a casa onde ocorreu o crime foi parcialmente destruída.


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