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Olavista e alvo de CPI é autor da nota do governo contra vacinas

Hélio Angotti Neto é oftalmologista, já criticou máscaras e distanciamento e teve sugestão de indiciamento aprovada na CPI da Covid-19

Rastro101
Com informações do site O Tempo

23/01/2022 por Redação

Divulgação/O TempoDivulgação/O TempoAutor de uma nota técnica do Ministério da Saúde que escandalizou entidades científicas e especialistas ao afirmar, em uma tabela, que as vacinas não possuem efetividade nem segurança demonstradas, mas que a hidroxiclorina tem, Hélio Angotti Neto é oftalmologista, alvo da CPI da Covid-19, defensor de tratamentos precoces, fã de Olavo de Carvalho e ex-braço-direito de Mayra Pinheiro, a Capitã Cloroquina. Seu posicionamento, publicado na última semana em uma nota para rejeitar um protocolo contra o uso do kit Covid, contraria a posição da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de diversos especialistas no tema no país e no mundo. Eles chegaram a fazer um abaixo-assinado contra o texto do Ministério da Saúde.

Profissional de saúde, Hélio Angotti Neto é Secretário Nacional de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde no ministério. Professor de medicina da Uninove e do Centro Universitário do Espírito Santo, ele é oftalmologista, com vasta produção acadêmica no setor. 

No governo envolveu-se em grandes polêmicas, principalmente por posturas consideradas negacionistas e que foram alvos da CPI da Covid-19 no Senado, que aprovou relatório recomendando seu indiciamento pela prática de dois crimes: epidemia com resultado morte e incitação ao crime.

De acordo com a investigação dos senadores, Hélio Angotti teve participação direta na compra e distribuição de cloroquina e hidroxicloroquina para secretarias de saúde e tribos indígenas. Em meio à busca de novos medicamentos, acabou sendo um dos integrantes da comitiva que foi a Israel conhecer um spray israelense, sem autorização de uso pela Anvisa e sem comprovação de eficácia. A viagem foi fortemente criticada em razão da falta de efeitos práticos e da presença de integrantes sem qualquer conhecimento sobre o tema, como os deputados federais Eduardo Bolsonaro (SP) e Hélio Gomes (RJ), respectivamente filho e amigo do presidente Jair Bolsonaro.

O relatório final da CPI também lembrou que ele, insistentemente, propagava nas redes e lives com o presidente o uso de remédios sem comprovação, questionando por outro lado o uso de máscaras e o isolamento social.

Assim, não pairam maiores dúvidas de que Hélio Angotti concorreu  para o agravamento da pandemia. O seu comportamento revelou, portanto,  indícios da prática do crime de epidemia com resultado morte, concluiu a CPI.

Fã de Olavo de Carvalho, a quem chama de professor, já presentou com livros e sobre quem fez várias referências em um blog sobre medicina e filosofia, Angotti Neto era braço direito da Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, conhecida como Capitã Cloroquina, ante de ocupar o cargo.

Ele, inclusive, foi um dos enviados por Mayra Pinheiro a Manaus em janeiro do ano passado, onde o grupo ligado ao ministério pressionou médicos a adotarem o protocolo do chamado tratamento precoce. Sem eficácia, os produtos não evitaram a tragédia da falta de oxigênio e da enorme elevação no número de mortes pela Covid-19 naquele período.

Em suas redes, após a polêmica gerada pela nota que assinou em nome do Ministério da Saúde, Angotti Neto alegou falha de interpretação, dizendo que a tabela se destina a mostrar a assimetria nos julgamentos realizados para diferentes tecnologias com o objetivo de indicar, sugerir ou autorizar utilização, nos diferentes cenários, permitindo, de forma compreensível, a flexibilização de critérios frente ao cenário de emergência do presente momento, disse.

A tabela não se presta a afirmar níveis de evidência existentes atualmente para quais uma das tecnologias ilustradas, completou.

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