Justiça

BR-101 é bloqueada por moradores do MST entre Itagimirim e Eunápolis

Pelo menos 800 membros do MST usaram pneus e cavaletes para fechar a rodovia

Redação Rastro101
11/07/2013 por Redação, atualizado em 21/07/2013 às 22h37 por Redação

Militantes bloquearam a BR-101 nos dois sentidos no trecho entre os municípios de Itagimirim e Eunápolis. (Foto: Rafael Amaral/Rastro101)Militantes bloquearam a BR-101 nos dois sentidos no trecho entre os municípios de Itagimirim e Eunápolis. (Foto: Rafael Amaral/Rastro101)

A rodovia BR-101 foi bloqueada na altura do km 693 por manifestantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) no pré-assentamento "25 anos", na brigada de pequenos produtores Elias G. Moura. O local fica entre os municípios de Itagimirim e Eunápolis e está bloqueado desde o início da manhã desta quinta-feira (11).

Preto, um dos líderes do movimento, informou que a pista só será liberada após um contato direto dos responsáveis pelo INCRA. (Foto: Rafael Amaral/Rastro101)Preto, um dos líderes do movimento, informou que a pista só será liberada após um contato direto dos responsáveis pelo INCRA. (Foto: Rafael Amaral/Rastro101)Moradores do local bloquearam a rodovia nos dois sentidos com pneus e cavaletes e colocaram barracas com produtos naturais produzidos dentro do pré-assentamento. Eles exibiam frutos plantados e produtos produzidos no local como milho, maracujá, farinha de mandioca, biscoitos de polvilho, dentre outros.

De acordo "Preto", uma dos líderes que está à frente da manifestação, a mobilização é nacional, e um dos objetivos desta mobilização é agilizar a desapropriação de terras, para que se tornem, de fato, um assentamento. Ele disse que o processo já está em negociação mas que é muito lento. Ele informou que já são mais de 4 anos esperando este processo andar, e que se as famílias já estivessem em seus próprios lotes, a produção seria muito maior. "Como ainda não sabemos o local onde as terras serão desapropriadas, não podemos plantar café ou laranja por exemplo. Estamos perdendo tempo de plantar em terras produtivas por conta dessa demora", disse Preto à reportagem do Rastro101.

Produtos produzidos no pré-assentamento são exibidos em feira montada sobre a pista bloqueada. (Foto: Rafael Amaral/Rastro101)Produtos produzidos no pré-assentamento são exibidos em feira montada sobre a pista bloqueada. (Foto: Rafael Amaral/Rastro101)

Preto informou ainda que o grupo não é contra o investimento em grandes obras, como a construção de estádios para a Copa, por exemplo, mas que eles precisam ter a oportunidade e o incentivo para poder produzir. O grupo também não concorda com a importação de produtos de outros estados, como o tomate que vem do Espírito Santo, sendo que eles têm condições de produzir e fornecer a mesma quantidade para o município de Eunápolis.

Outra cobrança do movimento seria uma apuração rigorosa e punição para os culpados pela morte do militante do MST e do PT, o pedagogo Fábio dos Santos Silva, morto com 15 tiros em abril deste ano em Iguaí, á 115 km de Itabuna.

De acordo com o líder, a estrada só será liberada após um contato dos responsáveis do INCRA, informando uma posição das negociações para discussão dos itens em pauta.

Vários quilômetros de congestionamento nos dois sentidos da pista. (Foto: Rafael Amaral/Rastro101)Vários quilômetros de congestionamento nos dois sentidos da pista. (Foto: Rafael Amaral/Rastro101)

O bloqueio já se estende por vários quilômetros nos dois sentidos e até o meio-dia ainda não havia previsão de liberação.

Pauta com as principais reivindicações que será entregue à presidente Dilma

1. Recuperar a soberania nacional sobre as terras brasileiras. Propomos que o governo anule as áreas já compradas e desaproprie todas as terras controladas por empresas estrangeiras.

2. Acelerar a Reforma Agrária e que sejam assentadas imediatamente as milhares de famílias acampadas à beira das estradas.

3. Políticas públicas de apoio, incentivo e crédito para produção de alimentos baratos, saudáveis, sem venenos com o fortalecimento do campesinato. E adoção de programas estruturais para a juventude e para as mulheres do campo.

4. Garantir os direitos dos povos do campo, com o reconhecimento e demarcação imediata das terras indígenas, quilombolas e dos direitos dos atingidos por barragens, territórios pesqueiros e outros.

5. Banir imediatamente os agrotóxicos já proibidos em outros países do mundo, a proibição das pulverizações aéreas e políticas de redução do uso de agrotóxicos no campo. E profunda revisão na política de liberação dos transgênicos e controle social.

6. Implementação pelo governo de uma política de controle do desmatamento das florestas em todo país e apoio à recuperação de áreas degradadas e de reflorestamento pela agricultura familiar e camponesa.

7. Cancelamento da privatização dos recursos naturais como água, energia, minérios, florestas, rios e mares. Propomos a retirada do regime de urgência no congresso nacional do projeto de Código de Mineração, e que o governo/congresso faça um amplo debate nacional com os trabalhadores brasileiros, para produzir um novo código de acordo com os interesses do povo brasileiro.

8. Implementação imediata de programas para erradicar o analfabetismo e garantir escolas em todas as comunidades rurais.

9. Suspensão de todos os leilões de privatização de áreas de perímetros irrigados no nordeste e destinação imediata para o INCRA realizar assentamentos para agricultura familiar e camponesa e adoção de políticas estruturais para democratização da água e para ajudar as famílias a enfrentar as secas.

10. Fim da lei Kandir, que isenta de impostos as grandes empresas exportadoras de matérias primas agrícolas, energéticas e minerais.

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