Divulgação/O TempoCientistas chamaram atenção, nessa quinta-feira (25), para uma nova variante da Covid, a B.1.1.529. Descoberta pela primeira vez em Botsuana e com seis casos de infecção na África do Sul, a variante do coronavírus causou temor imediato no mundo. Entenda as razões e o que já se sabe sobre ela, abaixo.
Por que a nova variante causa temor?
Segundo cientistas, essa nova variante do coronavírus tem um número extremamente alto de mutações, o que pode levar a novas ondas de Covid-19. A nova variante causou grandes preocupações aos pesquisadores porque algumas das mutações podem ajudar o vírus a escapar à imunidade das vacinas.
O que a nova variante tem de diferente de outras?
A variante B.1.1.529 tem 32 mutações na proteína spike, que é justamente a parte do vírus que a maioria das vacinas usa para preparar o sistema imunológico contra a Covid-19. As mutações na proteína spike podem afetar a capacidade do vírus de infectar células e se espalhar, mas também dificultar o ataque das células do sistema imunológico sobre o patógeno. O problema dessas mutações é que elas tornam a proteína S muito diferente da que foi usada no desenvolvimento das vacinas, o que pode, em tese, pode reduzir a eficácia das vacinas.
O virologista do Imperial College London Tom Peacock revelou vários detalhes da nova variante, afirmando que “a quantidade incrivelmente alta de mutações de pico sugere que isso pode ser uma preocupação real”.
Ela é mais infectante, tal qual a variante delta?
Ainda não se sabe.
O que diz a OMS sobre a nova variante?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) convocou uma reunião de especialistas para esta sexta-feira, 26, a fim de discutir se declara a nova cepa da Covid-19 como uma variante de preocupação. Em pronunciamento na tarde de quinta (25), a líder técnica Maria van Kerkhove disse que ainda serão necessárias algumas semanas para que se possa determinar qual o risco exato, mas que há preocupação porque ele apresenta muitas mudanças na proteína S (de spike, ou espícula).
Em quais países já há casos confirmados?
Os primeiros casos da variante foram descobertos no Botsuana, em 11 de novembro, e os primeiros na África do Sul três dias depois. O caso encontrado em Hong Kong foi de um homem de 36 anos que teve um teste PCR negativo antes de voar de Hong Kong para a África do Sul, onde permaneceu de 22 de outubro a 11 de novembro. O teste foi negativo no regresso a Hong Kong, mas deu positivo em 13 de novembro quando estava em quarentena. Nesta sexta-feira (26), Israel também confirmou casos.
Como esta nova variante surgiu?
O professor François Balloux, diretor do Instituto de Genética do University College London, disse que o grande número de mutações na variante, aparentemente acumuladas num “único surto”, sugere que pode ter evoluído durante uma infecção crônica em uma pessoa com o sistema imunológico enfraquecido, possivelmente um doente com aids não tratada.
Quais as restrições estão sendo tomadas para contê-la?
Itália, Alemanha e República Tcheca anunciaram na manhã desta sexta (26) a proibição de entrada de viajantes de países africanos em que foi detectada uma nova variante do coronavírus potencialmente mais transmissível, a B.1.1.529. A medida segue decisão anunciada na quinta pelo Reino Unido e por Israel, entre outros, e pode ser adotada em toda a União Europeia, segundo proposta divulgada também nesta manhã pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A Índia ainda não havia barrado voos até a manhã desta sexta (26), mas viajantes vindos do sul da África são obrigados a fazer testes frequentes. O Japão restringiu voos vindos da África do Sul
Como evitar que novas variantes surjam?
O risco de novas variantes perigosas é um dos motivos pelos quais a OMS recomenda que medidas de distanciamento e proteção continuem em vigor, mesmo em países em que a vacinação está avançada.
O que os laboratórios das vacinas contra Covid dizem sobre a variante?
Até o momento, apenas o laboratório alemão BioNTech, sócio da Pfizer, comentou sobre a nova variante e disse espera ter, no mais tardar em duas semanas ,os primeiros resultados dos estudos que determinarão se a nova variante de Covid-19 detectada na África do Sul é capaz de escapar da proteção da vacina. Iniciamos de maneira imediata estudos sobre a variante B.1.1.529, que difere claramente das variantes já conhecidas porque tem mutações adicionais na proteína spike característica do vírus Sars-Cov-2, afirmou um porta-voz do laboratório à AFP.  Pfizer y BioNTech se prepararam há vários meses para ajustar sua vacina em menos de seis semanas e entregar as primeiras doses em 100 dias no caso de uma variante resistente, completou.
(com agências)