Nível do Rio Limoeiro que abastece Itagimirim está abaixo do limite aceitável. (Divulgação)
É crítica a situação do Limoeiro, rio que abastece Itagimirim, município do extremo-sul da Bahia com pouco mais de 7 mil habitantes. De acordo com informações de técnicos da Embasa, o nível da represa, que tem cerca de 5 metros de altura, está com apenas 1,5 de água.
Além do nível crítico no volume de água no reservatório de água bruta, outro problema preocupante é a falta geral de água na nascente e afluentes do rio, devido a escassez de chuvas na região. "Hoje não existe nenhum fio de água chegando na represa. O nível baixou tanto que é possível ver o capim nascendo nos bancos de areia no meio do rio. Se não chover, vai faltar água em pouco tempo.", comentou o técnico da Embasa, Raimundo Brito.
Bomba está quase na lama e água está com excesso de manganês. (Divulgação)
De acordo com Ramildo Camilo, técnico responsável pelo escritório da Embasa em Itagimirim, se não chover nos próximos dias, a água que ainda restana represa só abastecerá a cidade por aproximadamente 60 dias. Ainda segundo Ramildo, a bomba trabalha jogando uma média de 70 m³/h, e que o consumo médio de água na cidade é de 800 m³ por dia. "Devido ao período mais frio, reduzimos apenas o tempo de trabalho da bomba, mas mesmo assim é preciso que a população se conscientize em economizar água ao máximo", disse Ramildo.
A marca do nível das águas no leito do rio indica a rapidez em que a água está acabando. (Divulgação)
Falta contante de água
Ramildo explicou que a redução no tempo de abastecimento nos últimos dias, o que deixou alguns estabelecimentos sem água tratada, foi devido a necessidade urgente de manutenção e mudanças da bomba de captação de água bruta, justamente por conta do baixo nível de água no reservatório. "O nível baixou tanto que a bomba já estava puxando mais lama do que água. Foi necessário fazer a mudança de local da bomba por 3 vezes, e colocar ela para o centro do rio. Esse é a última posição em que a bomba pode ficar, até a água acabar por completo se não houver uma solução.", ressaltou.
Aumento do fluxo de pessoas nos chafarizes da cidade. (Foto: Rastro101)
De acordo com relatos de diversos moradores, a água fornecida pela Embasa tem um gosto horrível, deixa as roupas manchadas e coceiras no corpo. Isso obrigou a maioria deles a pegar água nos chafarizes da cidade.
Água sem qualidade
Muita gente ainda reclama da qualidade da água que chega nas torneiras das casas, manchando roupas e com sabor estranho. Ramildo explicou que justamente por conta do baixo nível da água, o teor elevado de manganês que fica próximo ao solo está sendo puxado. "Antes isso não acontecia pois a água era puxada na parte de cima, já que a bomba fica na superfície. Agora a bomba está quase no chão", explicou.
Água com excesso de manganês deixa a população revoltada. (Foto: Rastro101)
Soluções da Embasa
Ramildo informou que técnicos contratados pela empresa, inclusive com a presença de um geólogo, estiveram em Itagimirim recentemente para analisar a situação da falta de água. De acordo com Ramildo, existe a possibilidade de perfuração de 5 poços artesianos, o que supriria a necessidade geral da cidade. Segundo Ramildo, apenas um dos poços poderia chegar a vazão de 20 m²/h. "Em apenas 10 horas, o total de água dos cinco poços chegariam a 1 milhão de litros", informou Ramildo, ressaltando que a qualidade da água nos poços já é boa o suficiente para a população, precisando receber o mínimo de tratamento.
Só existem pedras onde antes corria água. Se não chover, a água acumulada no reservatório só abastece a cidade por mais 60 dias. (Foto: Rastro101)
Ramildo informou que existe uma grande preocupação com a situação, e até emitiu nota recentemente informando que iriam ser aplicadas multas para quem lavasse veículos e calçadas com mangueiras. "É preciso conscientizar a população para o uso racional da água. Se não fizermos isso, em pouco tempo poderemos ter que racionar", concluiu Ramildo, que disse que todas as medidas possíveis estão sendo tomadas.